1546265_499514996831845_612766857_nHoje falaremos sobre um assunto muito sério Violência Obstétrica. De acordo com pesquisas, infelizmente, 25% das mulheres que tiveram filhos pelas vias naturais na rede pública e privada sofreram violência obstétrica no Brasil.

Violência Obstétrica

Apesar de a pesquisa se restringir ao parto normal, a violência também pode acontecer em cesáreas. Os abusos mais citados pelas mulheres no levantamento foram:

– Se negar ou deixar de oferecer algum alívio para a dor;

– Não informar a mulher sobre algum procedimento médico que será realizado;

– Negar o atendimento à paciente;

– Agressão verbal ou física por parte do profissional da saúde.

Em qualquer momento de nossas vidas, não é bom passar por agressões agora, imagina nesta condição de gestante em trabalho de parto.

 

Muitas vezes as próprias vitimas não compreendem que sofreram tal violência, elas acreditam que determinados procedimentos e atitudes são normais.

 

A melhor forma de evitar a violência obstétrica é a informação, por isso abaixo colocarei os principais tipos de violências e o relato emocionante de uma leitora do blog.

 

  • Realizar uma cesárea sem necessidade;
  • Amarrar a mulher durante o parto;
  • Agressão verbal e física;
  • Afastar a mãe e o filho após o nascimento;
  • Negar atendimento hospitalar;
  • Realizar procedimento medico sem o consentimento;
  • Realizar manobra de parto desnecessária (empurrar a barriga);
  • Realizar a tricotomia e a lavagem intestinal rotineiramente;
  • Ruptura da bolsa como procedimento de rotina;
  • Proibir a entrada de acompanhante no pré-parto, parto e pós-parto;
  • Exame de toque em excesso;
  • Proibir a mulher de escolher a posição do parto;
  • Realizar episiotomia como procedimento de rotina;
  • Uso rotineiro do ocitosina sintética;

 

A lei ao seu lado

Quem teve o seu direito desrespeitado durante o trabalho de parto deverá reclamar junto à ouvidoria dos serviços de saúde e também poderá recorrer ao Poder Judiciário, por meio de um advogado.

Como prevenir a violência obstétrica

É importante deixar claro que você quer os seus direitos respeitados, especialmente perante o hospital, caso este se recuse a fazer valer determinado direito.

Os traumas da violência

Por estar focada no nascimento do seu filho, a vítima pode não se abalar tanto com a violência obstétrica no momento em que a sofre. Porém, aquela situação pode gerar um trauma futuramente.

Os sintomas podem ser vários, como ter uma depressão pós-parto, pesadelos, entre outros.

Fonte de Pesquisa: Bebê Abril

Depoimento da Leitora Letty Lace

Bem, vou te contar minha triste experiência de algo que deveria ter sido um momento mais lindo da minha vida…

A 13 anos atrás, esperava meu primeiro filho..eu estava com 19 anos e tive uma gestação muito tranquila. Fiz meu pré-natal, era saudável, e meu médico tinha me dito que meu bebe seria para o fim de abril .. Então tive minha ultima consulta com 39 semanas… Peguei meu encaminhamento pra Maternidade Pró-Matre no centro do Rio. Era só esperar a nossa hora… Hora que não chegava. Com 40 semanas, eu fui pra maternidade sentindo dores..mas me medicaram e me mandaram voltar. Com 41 a mesma coisa. As dores eram fortes mas não eram sequentes…e eu enjoava e tinha vômitos… Estava com 42 e tres dias quando fui levada novamente a Pró-Matre. Lá fui examinada por um, dois, três médicos que conversavam entre si, sem me dizer nada. Veio uma enfermeira que me depilou, como se eu fosse ficar… Mas pra minha frustração, o medico disse que eu ainda não estava em trabalho de parto…que iria me liberar, e que se fosse o caso, eu voltasse depois. Na saída da Pro-Matre, uma senhora disse a minha mãe que tentasse outro lugar… E indicou a extinta Maternidade Oswaldo de Nazaré, mais conhecida com Maternidade da Pça 15 …tbm no Centro do Rio. Cheguei lá por volta de 17 hrs, fui examinada e o médico me internou. Fiquei numa enfermaria comum ate as dores ficarem insuportáveis. Não eram contrações sequentes, mas era muita dor nos rins…como rasgões de uma ponta a outra. Então chamei o médico e disse a ele, era por volta de 21 hrs quando ele veio me ver. Ele disse com ar de irônia que “ENQUANTO A MINHA DOR NÃO FOSSE NA BARRIGA, ELE NÃO PODERIA FAZER NADA POR MIM” … Mas logo depois me encaminhou a sala de pré-parto onde eu seria colocada do soro para uma indução.. Eu não tinha dilatação, somente dor. Entao foi o início da pior noite da minha vida. Mesmo no soro, com dores absurdas eu não delatava.. Era por volta de 00:00 quando ele veio me examinar,.. Eu tinha apenas 3,5 de dilatação… E muita dor. Por volta de 2:00 ele voltou, e eu não tinha nenhum progresso… Eram 4 cm. Ele mais uma vez ironicamente me disse: “VOCE NÃO DELATA NÃO MENINA?” “VOU TER QUE TE DAR OUTRA DOSAGEM.” E assim foi feita mais uma dosagem… O enfermeiro veio me aplicou, e fechou meu Box, apagando a luz. Recomendou-me tentar dormir, por que meu bebe não viriam tão cedo. DORMIR COMO?? Numa sala gélida de pré-parto, como mulheres entrando e saindo a todo o momento, parindo… E chorinhos vindos da sala ao lado.. Naquela tortura psicológica. A noite passou lentamente, ate que as 7 hrs veio a troca de plantão. Vi o sol nascer naquela agonia… E uma medica veio me ver.. Eu era a única que estava ali desde as 17 do dia anterior.. Com 42 semanas, ela questionou a ele por que ele não me mandou para o centro cirúrgico??!! Ele respondeu a ela que “ACHAVA QUE DARIA PRA SER NORMAL” E nesse achar dele eu estava com 6 de dilatação depois de quase 12 hrs na indução. Eu chorava muito..e ela tentava me acalmar. Dizia-me que meu bebe ia ficar bem, mas ia precisar muito de mim…que eu fosse forte. Então eram 11 hrs quando ela me falou que meu bebe teria que nascer naquela hora….e me levou a sala de parto. Eu tinha 8,5 de dilatação… Fraca e cansada. Mas eu queria ter meu filho… Então vi quando ela colocou sua mão até o meio do braço dentro de mim…torcendo… E rompendo minha bolsa.. Era uma água enferrujada..meio marrom. Estranha. Mas eu não entendia muito. Ela me pedia pra fazer força…toda a força… Uma enfermeira empurrava minha barriga.. E eu ja não aguentava mais. Ate que as 11:47 do dia 16 de maio de 2001, nasceu o meu Filipe. Eu não o vi! Desmaiei assim que ele saiu… Quando acordei e recobrei os sentidos foi q pude tê-lo em meus braços.. Ele era lindo.. 3.940 e 54 cm. E eu estava feliz.. E nós dois com muita fome. Chegamos a enfermaria então agradeci a Deus… Por ter conseguido. Só não podia imaginar que meu pesadelo ainda não estava terminado ainda. Bem a noite, por volta de mais de 22 hrs… Eu comecei a sentir muito frio. Cobri-me com cobertores, mas era muito frio. Uma acompanhante de outra parturiente veio me ver… e foi correndo chamar a enfermeira. Eu estava com febre… Muita febre. Ela me medicou com dipirona. Só que a febre não cessava… Até que senti como se um balão de gás estourasse em mim… E comecei a sangrar. Sangrar muito… Empossando a cama. Eu estava tendo uma hemorragia. Fui levada as pressas ao centro cirúrgico e após a anestesia intravenosa… Não me lembro de mais nada. Quando voltei… já era de manha… já voltei pra enfermaria sem leite algum. O medico disse q era pelo estresse operatório, q iria voltar, mas não voltou. Meu laudo apontava “RUPTURA UTERINA OU RESTO PLACENTÁRIO?” procedimento: raspagem de útero e cauterização. Tudo pelo parto forçado. Meu bebe mamou um dia apenas… E eu passei mais 8 internada. Mas tudo acabou

Ele hj esta um rapaz… E eu estou esperando meu segundo menino agora. Confesso que depois de 13 anos eu estou morrendo de medo de passar por isso outra vez. Na época eu não tinha ciência… nunca tinha ouvido falar em VIOLENCIA OBSTÉTRICA … Hoje sempre que posso falo sobre isso. Pra que mulheres não passem pelo q passei.

Estou com 41 semanas e 6 dias… E até agora meu Eduardo não demonstra querer sair. Sinto que sofrerei mais uma vez… Tudo aquilo q vivi veio a tona. Estou apavorada. Mas pedindo a Deus que tenha pena de mim… Tenho 32 anos agora, não tenho mais o mesmo vigor. Não sei se aguentaria tudo outra vez.

Mas deixou meu depoimento para que sirva de ajuda a muitas mulheres. Eu agradeço a oportunidade.